Associação Brasileira de Psicologia nas Emergências e Desastres - ABRAPEDE

Nenhum comentário 06/03/2013 às 19h29 - Atualizado em 06/03/2013 às 19h29

PERDA E RESSIGNIFICADO

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Na contemporaneidade as pessoas se afastam, cada vez mais, de si mesmas.

Perde-se muito tempo na superficialidade, sem  sequer buscar encontrar o verdadeiro sentido da vida. No ocidente, dentro de uma cultura narcisista, o poder tornou-se um valor a ser conquistado a qualquer preço. O consumo, ilusoriamente, representa o objeto de preenchimento das faltas existenciais.  Há forte pressão para fazer, fazer, fazer…. . Correr, correr, correr… Priorizam-se as conquistas materiais e descuida-se de si e do planeta. Polui-se o ar, aterram-se rios, destroem-se florestas. A segurança não faz parte da cultura. Talvez, se coloque o cinto de segurança para não se pagar multas. As drogas, lícitas e ilícitas, são usadas como forma de anestesiar os sentimentos, da mesma forma que cresce a (auto) medicamentalização.

O desrespeito à natureza e à própria vida traz como consequência um aumento de desastres, catástrofes, violência, muitas delas anunciadas pelo descuido e distorção de valores.

A morte faz parte da vida, mas que aconteça de forma natural. Ela também precisa ser tratada com respeito. Neste contexto atual, nega-se sua existência e não se preparam as crianças para esta realidade.  A dor é inevitável, mas podemos atravessá-la pela âncora dos vínculos afetivos e pela prática do amor, da compaixão, da generosidade. Olhar para dentro de si e viver o luto, compartilhando todos os sentimentos, de pesar, dor, medo, raiva, revolta, angústia, saudade.

O processo de luto é necessário acontecer sem exigências, nem cobranças. É natural que no início a pessoa seja tomada de tristeza e, algumas, afetadas no sono, na alimentação, na relação com o trabalho, nas atividades do cotidiano. A perda precisa ser processada, respeitando-se o tempo de cada um. Os ritos de despedida, na companhia de familiares e amigos, são necessários. Olhar para as  crianças e ajudá-las, com amor e verdade, a atravessar o difícil momento que estão passando. Compreender que elas poderão se sentir inseguras, confusas, com medo e precisam ser cuidadas amorosamente.

Em caso de luto coletivo, como em catástrofes, a formação de grupos de apoio, de eventos ecumênicos, de expressão de solidariedade, ajudam as pessoas, famílias e a própria comunidade a atravessar a dor. Aprender com a dolorosa experiência e ressignificar a vida e a morte.

 

Grace Wanderley de Barros Correia

Psicóloga CRP 02/0279

 

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